Levanto, descanso
No canto, sem espanto
À espera de uma nova vida
Nova rotina que fatiga
Insista, perdida, maldita
O mesmo relógio na parede
Todo o dia, sem descanso e sem abrando
Levanto, mas não descanso
É hora da correria intrusiva
Que se repete, sem que te afete
Mas que a mim, me envelhece
Cansado, parado desta minha rotina
que mais se parece com um recado
Do que uma mais valia
Do milagre da vida, já me diziam
Quem não arrisca não petisca
Quem não luta, não merece
Um lugar na alta classe
Desta sociedade sem impasse
Ao crescer, sem parar, me preocupar sobre o que comer
Tenho de estudar, o exame está a aproximar
E ainda tenho 2 módulos para saber
A pressão da perfeição que esta sociedade nos atinge
como um canhão na cabeça, morte certa,
Que não é correta,
Esta pressa de ser e parecer, algo que outro quer ver
Mas não quer saber, do que se passou
Pelo que lutou e esperou
Do que adiou para ter
O que o outro quer ver, mas nunca vai saber
O que é sofrer para ser alguém nesta utopia da adolescência
Onde crescemos sem parar, com todos a olhar
E a dizer o que parecer e o que fazer
Sempre a mesma rotina, sem paciência, a pressão de alcançar a prefeitura da imperfeição, de nós humanos, esta estranha criatura.