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Pires Mariana

Seres humanos a ser humanos

Este título dá que falar, não acham?

O que é um humano para vocês? Ou melhor, o que é este ser, algumas vezes tão previsível, outras vezes, não? Realmente, às vezes, somos pessoas extremamente imprevisíveis e pequenos atos em que não pensamos ou que não refletimos sobre, desencadeiam emoções negativas nas pessoas que nos rodeiam. Somos seres facilmente odiados ou amados em simultâneo, não é verdade?

Mas bem, acho relevante falar sobre aspetos menos positivos dos humanos, visto que é o que “salta à vista”, quando contactamos com alguém pela primeira vez. Sejamos honestos, as nossas primeiras impressões das pessoas costumam ser sempre negativas e estaríamos a mentir se afirmássemos o contrário. Somos seres que costumam observar os aspetos que consideramos menos positivos, assim que trocamos olhares com alguém. É um pouco triste, não vou mentir. Nunca olhamos para alguém sem julgar a sua aparência e quando não o fazemos, é porque estamos a olhar para alguém que corresponde aos padrões que a nossa cabeça/sociedade cria. Aqueles padrões que a sociedade (principalmente) impõe, para achar alguém atrativo. Aquele pináculo da beleza tão superficial, que muitas vezes nos impede a visão para algo um pouco mais interior. Traduzindo estas últimas três palavras - a nossa personalidade.

Somos seres que se baseiam principalmente no aspeto de alguém e também noutros pequenos detalhes que não deviam ser relevantes, onde, muitas vezes, acabamos por nos esquecer da verdadeira essência das pessoas. Somos muito mais do que beleza e do que quantos amigos temos, quantas relações já tivemos ou até quantas pessoas já beijámos. Somos muito mais do que isso e é realmente entristecedor pensar que a nossa geração pensa assim. Pelo menos, a maior parte assim costuma agir, e assim procede o pensamento da esmagadora maioria. E está no seu direito! Afinal, somos livres de pensarmos aquilo que quisermos e quem sou eu, uma simples rapariga nos seus dezasseis anos, para dizer o contrário?! Ainda tenho tanto para viver! Não vale a pena pensar no que os outros têm na cabeça, mas sim naquilo que se passa na minha. Mas sendo livres, também tenho o direito de me expressar e falar sobre os meus interesses, por mais desinteressantes que para alguns sejam. Gostava de descrever alguns dos bons aspetos que a vida também tem para nos oferecer. Porque – muito francamente - em 4,543 mil milhões de anos de vida da nossa Terra tão bela, rica e tão fascinante (que infelizmente sofre com os nossos atos desumanos), seria impossível o ser humano nunca ter vivido acontecimentos marcantes, ou simples casualidades que tornem o nosso dia melhor. Seria errado afirmar tal coisa.

Pois bem, sem mais delongas e sem falar em mais inconveniências, quantos de nós não gostam de algo a que chamamos de amor? Mas não me refiro a um amor superficial ou um amor insignificante ou mal-intencionado. Refiro-me sim, a um amor a que muitos chamam de amor verdadeiro. Aquela pessoa a quem podemos chamar “alma gémea”. Aquele amor que pode até já ser de longa data, como também um amor que pode ter surgido por uma simples serendipidade. Soa bem, não concordam? Poderem ter momentos de felicidade com alguém a quem possam chamar: amor. Mas e se invertemos aqui os planos e nos referirmos a amor verdadeiro como: amizade? É possível chamarem alma gémea a um amigo, acreditem ou não. Falo por experiência própria. É possível terem amigos presentes que nos ajudam quando mais precisamos, ou até quando nos sentimos mais deprimidos, quando a nossa vida não faz sentido. Existem pessoas assim. Que nos iluminam quando é complicado “ver a luz ao fundo do túnel”, como se costuma dizer. Que nos fazem sentir vivos, quando é mais complicado demonstrar qualquer tipo de sentimento. E isso, é uma coisa que nos torna ainda mais humanos e é também algo que acho importante salientar.

Somos capazes e temos um poder gigante para provocar sentimentos positivos nas outras pessoas e é também algo que devíamos fazer com frequência e gostava de conseguir transmitir isso e de vos elucidar sobre o facto de sermos seres com uma dádiva inexplicável. Devíamos ser bondosos reciprocamente, para nos levantarmos uns aos outros nas maiores quedas desta grande jornada designada “vida”. Temos o poder de diminuir a ansiedade de alguém com um longo abraço, com uma conversa profunda, com uma recomendação de uma mera música que pode acalmar essa confusão de emoções e ideias que desencadeiam esse sentimento tão nocivo. O carinho que transmitimos, as conversas e palavras que pronunciamos de maneira tranquila e aconchegante, as risadas que contagiam, ou o simples uso daquela palavrinha mágica (amo-te) ou apenas algumas palavras de conforto, podem mudar o dia de qualquer um e desabrochar em alguém um sorriso, que talvez surja muito pontualmente. Somos tão grandes e temos tantas coisas para viver e tanta aprendizagem para adquirir, que muitas vezes acabamos por desperdiçar acontecimentos e novas experiências inutilmente. Há que saber aproveitar. Vocês, nós, todos temos de saber aproveitar cada episódio, cada ocorrência, cada acaso, cada peripécia da vida antes que seja tarde demais.

Devemos mesmo “romantizar” a nossa vida. Uma ida à praia e poder ouvir as ondas do mar e sincronizar a nossa mente com as mesmas. Uma saída com os nossos amigos à chuva e ouvir as risadas deles, enquanto nos divertimos de maneiras que a nossa criança interior faria. Andar de bicicleta e poder sentir a brisa no nosso rosto enquanto ouvimos os sons da natureza, que todos em conjunto, formam as mais belas harmonias alguma vez ouvidas. Um passeio no campo enquanto admiramos a natureza e as suas flores que formam paletes de cores que são de tirar o fôlego. Um passeio pela cidade numa noite de verão com os nossos amigos, que nos traz um sentimento de despreocupação e conforto. Ouvir música no nosso quarto enquanto estamos no escuro, por muitos considerado como “terapia”. O saber tocar um instrumento, seja qual for, e perdermo-nos na melodia, é também dos sentimentos mais gratificantes.

Mas bem, todos estes são acontecimentos banais que desencadeiam em nós um sentimento indescritível. Mas, se realmente quisermos pôr este sentimento em palavras, eu diria “completude”. O sentirmo-nos completos. São atos que nos enriquecem não só a níveis artísticos como também a níveis pessoais e intelectuais, e são sensações que nos proporcionam satisfação e felicidade. Verdadeiras fontes de serotonina. Porque é disto que um ser humano é feito. Coisas básicas que completam a nossa vida. E vai ser sempre assim, porque somos mesmo assim. Não há volta a dar. Esta é a nossa essência, ou pelo menos, das pessoas que pensam como eu, e por mais que muitas vezes sejamos dominados por emoções negativas, vai correr tudo bem! Tem de haver esperança e coragem da nossa parte para o podermos afirmar, isso é claro. Mas temos de partir desse principio e ter um olhar positivo sobre variadas ocorrências. E quando fica difícil, peço que procurem ajuda. Familiar ou até de um psicólogo porque é para isso que essas pessoas servem! Essas pessoas querem o nosso bem-estar! E está tudo bem em pedir ajuda porque ninguém é feito de ferro.

Enfim, aqui estou eu, sentada na minha cama às duas da manhã, a escrever enquanto penso no conjunto de coisas positivas do ser humano que já referi, e no quanto me fazem lembrar a minha avó, que foi das pessoas que mais me transmitiu este gosto pela escrita e talvez a pessoa que mais me tenha transmitido esta essência bondosa, serena e genuína que sinto ter hoje. Este olhar sensato que sinto e tento ter pelas coisas mais simples da nossa caminhada finita. Porque é isto que somos. Seres humanos a ser humanos. Um turbilhão de ideias, gostos, talentos, imaginação, pensamentos, sentimentos que acabam num ápice, por isso, e reformulando tudo aquilo que mencionei, vamos aprender a aproveitar esta jornada, a nossa vida.




Envoyé: 10:56 Thu, 16 March 2023 par: Pires Mariana